Conteúdos da Caixa

setembro 27, 2024

O Profeta

  


PREFÁCIO

 

Em minha caminhada pelos desertos, comendo poeira e bebendo a urina dos camelos, estou espiando minha culpa. Penitencio-me de meus crimes. Assassinei minhas esposas e concubinas. Eu me arrependo. Sofro pela morte de Shamizade, minha linda e última esposa, que levou consigo o herdeiro Salih. Botei fogo no sultanato, tal como Nero em Roma. Eu, o último sultão, Alauddin al-Kahar, sou agora um anacoreta.

 

Depois de meu encontro com o profeta Safakura, transformei-me em outra pessoa.

 

Compartilho com os leitores as lições que recebi.

 

O PROFETA

 

Safakura, mulçumano sunita, dizia ser neto de Hubal considerado o deus dos deuses e um dos mais notáveis) e Manat  (foi uma das três principais deusas de Meca, os árabes acreditavam ser a deusa do destino, a mais antiga de todos os ídolos).

Filho de Alilat ou Alat (uma das três deusas supremas de Meca e uma das três filhas de Alá, junto com Manate e Uza. Mudou seu nome original, Dushara para SafaKura após a ‘Iluminação’. A partir de então, passou a pregar no deserto, divulgando o dogma “safadeza gera safadeza”, afirmando que ‘safadeza cura’.


 

ASSIM FALOU SAFAKURA

 

1 - AMAR PRIMEIRO A SI DEPOIS AOS OUTROS

 

Princípio fundamental.

Se não amar a si próprio não saberá amar o próximo.

O amor ao próximo é o amor desinteressado, motivado pela empatia, o acolhimento e o respeito.

 

o amor

O amor é uma abstração, uma idealização. Um “constructo”.

O amor físico é representado pelo ato sexual.

 

o ato sexual entre humanos

‘é um meio de sentir prazer entre dois corpos’

 

o prazer

‘uma experiência agradável’.

Prazer se refere à experiência de sentir-se bem. Envolve o gozo de algo. O termo é usado principalmente em associação com prazeres sensoriais mas em seu sentido mais geral, inclui todos os tipos de experiências positivas ou prazerosas.

 

O ato sexual pelo prazer que proporciona contribui

  1. para a concepção de um novo ser humano, uma criança, um filho.
  2. para o gozo ou fruição de uma relação sexual.

 

O AMOR FÍSICO 

 

Demonstrado em uma relação sexual, tem por objetivo o gozo - o orgasmo, o ponto culminante da estimulação ou da atividade sexual

 

Ao contrário do construto ‘amor’, o amor físico é concreto, palpável, sentido, experimentado pelo corpo e pela mente

 

 

DEMONSTRAÇÕES DO AMOR FÍSICO

 

tocar o corpo do outro - carícia

o beijo 

o abraço

a atração física - o desejo - os jogos sensuais - a excitação - o ato sexual - o gozo


 

OS JOGOS SEXUAIS 

 

as preliminares 

as fantasias sexuais

a sacanagem e os tabus

 

A IDEALIZAÇÃO DO GOZO

 

a satisfação

a frustração

 

AS LIÇÕES DE SAFAKURA

A humanidade descobriu o sexo como instrumento da propagaçao da especie, apos atribui-la aos fenomenos naturais, mitos e lendas.

 

Desde o tempo das cavernas os individuos fazem sexo. Mitos e lendas abordam a atividade sexual, tanto para a procriação quanto para a fruição.

 

Surgiram os tabus com o advento das religiões monoteístas que introduziram o ‘constructo’ pecado para adjetivar as relações sexuais fora do casamento e proibi-las.

 

O casamento é um acordo ou contrato. A princípio não requeria amor, mas compromissos motivados por interesses materiais monetizados . O rompimento dos contratos acarretava penalidades.

 

Depois de surgir o construto amor, significando gostar e estar junto a alguém, independente de acordos ou contratos, o Romantismo deu-lhe força com a literatura, a música e as artes. O amor passou a ser idealizado e em alguns casos demonizado por causar os ‘males do amor’. Entre suas vítimas, estavam poetas, artistas e donzelas rejeitadas.

 

As atuais ‘profissionais do sexo’ eram estigmatizadas, bem como homossexuais e lesbicas. Por outro lado, a pedofilia (meninos e meninas oferecidos como mercadorias) era um privilegio para homens ricos, embora camuflada. 

 

O tempo passou, inovações científicas e tecnológicas se impuseram, porém no que diz respeito ao ‘amor ao próximo’, a humanidade está estagnada.  

 

Alguns tabus foram exterminados, outros se mantêm e  outros são inventados.

 

A liberação sexual, a disseminação escancarada das drogas e a monetização de tudo compõem o ‘status quo’.

 

Em nome do amor (constructo) muitos crimes são cometidos.

 

A antiga  ‘sacanagem’, um tipo de jogo sensual cedeu lugar a sacanagem, no sentido de prejudicar o próximo, o bem público, as instituições etc,



 

CONCLUSÃO

 

  

 Alauddin al-Kahar,  ex sultão, depois de ouvir atentamente a preleção de Safakura concluo que meus crimes, embora hediondos, não se comparam aos crimes cometidos atualmente.

 

Se ainda reinasse, botaria fogo no planeta, contudo a humanidade já está tomando as providências. Falta apenas Y apertar um botão para o arsenal nuclear fazer o serviço.

 

Enfio a cabeça na areia e espero a tempestade chegar.


 

NOTAS


 

1 Uza, ou Al-Uzza, era uma deusa da fertilidade.

Dushara -na mitologia nabatea, o deus Nabataean, cujo nome significa "Senhor da Montanha".

3 para os Cristãos “amaras o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37–39)

4 constructo -construção puramente mental, criada a partir de elementos mais simples, para ser parte de uma teoria.

5 prazer -de acordo com a filosofia de Epicuro, o prazer é o início e o fim de uma vida feliz, e é definido como "ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma".

6 gozar - desfrutar de toda ação que causa felicidade, prazer e/ou satisfação.

7 orgasmo - se manifesta por meio de um pico de prazer físico e/ou psicológico.

8 mente - um  conceito que define o estado de consciência e subconsciência humana.




 

fim

 

anlatının son

 


 

 


 

 

 

 




 

 

 

 




setembro 26, 2024

passado

 

 

o galo cocorica, esporeia e bica

a galinha cisca, espalha o lixo

grasnam o ganso e o marreco.

a pata nada no açude

a maritaca matraqueia

 

o burrico leva a carga

a vaca lambe seu bezerro

a poeira na estrada

anuncia um cavaleiro

o cavalo marchador

 

são lembranças da menina

que na fazenda nasceu

hoje um pasto abandonado

 

 

VENDE-SE

 


setembro 14, 2024

Uma novela - 'Memórias'

 

 I -



 

Precisei fazer um transplante, ou melhor, um enxerto. Uma área do meu cérebro ficou danificada após um acidente e foi removida. O neurologista sugeriu um enxerto, posto que, a pesquisa sobre transplante de cérebros permanecia inconclusa.

 

O doador sofreu um infarto fulminante, a família doou os órgãos. Eu fui contemplada com o cérebro do rapaz. Um jovem médico.

 

Passei um bom período hospitalizada. Vários dias em coma induzido, terapia nutricional oral e centenas de fraldas.

 

Felizmente não houve rejeição ao enxerto, tive alta e voltei para minha casa.

 

Durante muitas semanas tive acompanhantes. Enfermeiras e cuidadoras.

 

Divorciada e sem filhos, aposentada por tempo de serviço, uma vidinha tranquila, cuidando de plantas, fazendo exercícios com um personal trainer, viajando e escrevendo crônicas para um futuro livro.

 

Um acidente interrompeu a rotina e me transformou em outra pessoa.

 

 

 

continua

 

 

 



setembro 05, 2024

o menino e a coruja

 

Era uma vez uma noite de luar, em uma pequena vila pitoresca aninhada em meio a árvores antigas, vivia um garoto curioso chamado Lucas. Lucas tinha um coração tão grande quanto o céu estrelado e olhos que brilhavam de admiração. Seu passatempo favorito era explorar a floresta, onde segredos sussurravam entre as folhas e sombras dançavam com a lua.

Uma noite fria, enquanto o crescente prateado pendia baixo, Lucas se aventurou mais profundamente na floresta. O ar cheirava a terra úmida e agulhas de pinheiro. Seus passos rangiam nas folhas caídas, e os galhos acima pareciam se estender como dedos nodosos, acenando para ele.

E ali, empoleirada em um galho coberto de musgo, estava uma criatura magnífica: uma coruja, suas penas uma sinfonia de cinzas e marrons. Seus olhos grandes e redondos perfuravam a alma de Lucas, cheios de sabedoria antiga e um toque de travessura.

“Quem é você?” Lucas perguntou, sua voz pouco mais alta que um sussurro.

A coruja inclinou a cabeça, como se ponderasse a questão. “Eu sou Aurora,” ela respondeu. “A guardiã da noite, a guardiã dos sonhos esquecidos e a testemunha silenciosa de incontáveis ​​contos.”

Os olhos de Lucas se arregalaram. “Por que você fica acordado enquanto o mundo dorme?”

Aurora piscou lentamente. “Porque os sonhos precisam de companhia, e às vezes, corações jovens buscam respostas nas horas silenciosas. Diga-me, Lucas, o que te mantém acordado esta noite?”

Lucas hesitou, então despejou seu coração. Ele falou de sonhos não realizados, medos que voavam como pássaros presos e a dor de sentir falta de sua falecida avó. Aurora ouviu, suas penas se agitando em empatia.

“Veja,” Aurora disse, “nós corujas somos mais do que penas e bicos. Nós carregamos histórias dentro de nós — histórias de amor, perda e resiliência. E às vezes, nós compartilhamos. Lucas se inclinou para mais perto. "Que história você vai compartilhar comigo esta noite?"

Os olhos de Aurora brilharam. "Escute bem, jovem. Uma vez, em uma era esquecida, um garoto muito parecido com você vagou por estas mesmas florestas. Seu nome era Elias. Ele também buscava respostas sob o brilho da lua."

Elias conheceu Aurora em uma noite sem lua, quando as estrelas se escondiam atrás de nuvens espessas. A coruja lhe contou sobre reinos perdidos, florestas encantadas e a magia que dançava na borda da realidade. Elias ouviu, extasiado, e em troca, ele compartilhou seus sonhos — aqueles que o mantinham acordado, aqueles que sussurravam sobre aventuras além do horizonte.

Conforme as estações mudavam, Elias e Aurora se tornavam inseparáveis. Eles riam das palhaçadas dos vaga-lumes, dançavam com o vento e desvendavam mistérios escondidos nas folhas farfalhantes. E toda noite, Elias perguntava: "Por que você fica acordado, querida coruja?"

Aurora responderia: “Porque os sonhos são frágeis e, às vezes, precisam de um amigo para mantê-los vivos”. essas histórias com aqueles que realmente ouvem.”

Em uma noite fatídica, Elias confidenciou seu desejo mais profundo: encontrar a Estrela Perdida, uma joia celestial que supostamente realiza qualquer desejo. Os olhos de Aurora brilharam com conhecimento antigo. "A Estrela Perdida fica além das Cataratas Sussurrantes", disse. "Mas cuidado, pois sua luz revela tanto a verdade quanto a ilusão."

Elias embarcou em sua busca, guiado pela sabedoria de Aurora. Ele enfrentou rios traiçoeiros, florestas encantadas e enigmas sussurrados pelos raios da lua. E quando finalmente segurou a Estrela Perdida na palma da mão, percebeu que seu brilho não estava em conceder desejos, mas em iluminar o caminho para o desejo do coração.

Ele retornou para Aurora, que o esperava no mesmo galho musgoso. "O que você aprendeu, Elias?", perguntou.

Elias sorriu. "Que sonhos não são estrelas distantes — eles residem dentro de nós. E às vezes, tudo o que precisamos é de uma corrente para nos lembrar."

Daquele dia em diante, Elias e Aurora compartilharam seus sonhos, tecendo uma tapeçaria de magia e amizade. E se você ouvir atentamente em noites de luar, você pode ouvir suas risadas ecoando pelas árvores — a risada de um menino e uma coruja que descobriram que as maiores aventuras acontecem nos espaços entre a vigília e o sonho.

E então, caro leitor, lembre-se disto: quando você vir uma coruja empoleirada em um galho, tire um momento para ouvir. Pois ela pode compartilhar uma história que manterá seu coração acordado e seus sonhos vivos.

 

 

Inspirado pela magia do luar e pelos sussurros das corujas, este conto dança entre a realidade e o encantamento.

 

 

Obs. Redação por IA