Tive
um sonho nonsense e passei para o papel, transcrevo aqui com alguns efeitos
especiais:
O
chão se abriu aos meus pés.
Fui tragada e engolida.
Uma descida suave, como se
flutuasse no espaço.
Não havia luz, tampouco trevas. Uma neblina morna
envolvente. Não tenho ideia de quanto tempo permaneci em trânsito por aquela
via inusitada. Eu estava aguardando o sinal para pedestres abrir. O sinal abriu
e o chão também.
Meus
pés tocaram o solo macio, e o entorno fracamente iluminado me pareceu familiar.
Tive a sensação de um retorno sem que alguém estivesse à espera. Será que
encontrarei por aqui Alice, ou Dorothy?
Que
direção tomar? Teria um gato ou um coelho para ensinar o caminho? Ou quem sabe
o Chapeleiro Maluco me tomaria pelas mãos?
Achei
melhor sentar e aguardar que alguma coisa acontecesse. Vi uma cadeira de
engraxate e me acomodei. O silêncio era enfadonho. Eu estava dentro de um nada.
Ao
apoiar os pés notei que pisando sobre o apoio à direita o banco se movia para
frente; parece um acelerador, pensei. O banco possuía braços e observei dois
botões, um de cada lado. Apertei o botão direito e o banco se elevou e ao
apertar o esquerdo ele voltou ao solo. Resolvi experimentar o inusitado
veiculo. Acelerei e subi. Decidi explorar o nada voando. A paisagem parecia
imutável, apenas névoa morna; talvez eu estivesse dentro de uma bolha.
Segui
em frente por algum tempo até vislumbrar o que pareceu ser uma parede, para
evitar o choque desacelerei, porém a parede abriu como uma cortina de teatro. A
névoa morna adquiriu uma cor azulada e vislumbrei algumas formas geométricas.
Decidi estacionar o veículo e seguir caminhando por entre as formas que
pareciam enormes caixas de sapatos, todas na cor azul. Cheguei junto a uma das
caixas e bati no que me pareceu ser uma porta e a caixa se abriu. Espiei pela
abertura e vi dentro da caixa muitos selos. Bati na caixa vizinha, a tampa se
afastou e vi um monte de rolhas. A próxima caixa continha o que me pareceu
envelopes e cartas. Tentei ler o nome do destinatário do primeiro envelope da
pilha e para minha surpresa o destinatário era eu mesma.
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