Penso em minha Morte quase diariamente,
analisando as melhore formas de morrer, não chegando ainda a qualquer
conclusão.
(enquanto
vou digitando escuto Beethoven – Silencio, pelo Youtube)
O depois da morte não me preocupa.
Gostaria de ser cremada e ter as cinzas
pulverizadas no meu jardim, misturadas à água da chuva, adubando o terreno;
minhas bactérias sacrificadas na combustão, minhas cinzas estéreis misturadas
ao barro onde outras bactérias e microrganismos coexistem pacificamente.
Apenas silêncio.
Sob a terra não há ruídos
incômodos.
Penso nos indigentes que não ganham flores
nem lápides.
Corpos não encontrados ou insepultos,
cadáveres anônimos mergulhados em formol para estudos de anatomia.
Vem-me à lembrança a cerimônia indígena do
Quarup ou a festa mexicana dos mortos.
Antigamente, no dia dos mortos, as rádios
tocavam músicas eruditas, conheci composições de César Frank, de uma tristeza
imensa, a Tocata e Fuga de Bach, a Lacrimosa de Bach.
Morte e vida, os dois contrários que muito me
intrigam embora sejam fenômenos restritos aos seres vivos, animais ou vegetais.
Seres inanimados também desaparecem,
lentamente, corroídos pelo vento ou pela água. Pedras viram pó e rios secam.
De onde vim e para onde vou?
Passei a admitir
a ideia de que voltarei à minha origem pré-natal.
Ideia confortável,
tranquilizadora.
Assim seja, amém.
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