Conteúdos da Caixa

dezembro 15, 2019

UM DIA


Achei no Google a foto de um trabalho que fiz para uma exposição, no Rio de Janeiro, de presépios de natal. 
Mandei e foi aceito um projeto para o concurso.

Imaginei um mural contendo as principais figuras: Maria, José, o Menino, um Anjo, um jumento e uma vaca. 
A obra requereu a participação de um serralheiro para a modelagem das figuras em ferro, silhuetas depois revestidas de corda luminosa. 
Imaginei o efeito noturno da peça iluminada.
O transporte até o local indicado pela organização do evento foi uma verdadeira epopeia.

Contratado o transportador, peguei uma carona no caminhão baú. 
Após duas horas circulando pelo bairro da zona norte, uma favela hoje chamada de comunidade – de acordo o discurso politicamente correto -- chegamos ao local, a sede da associação de favelados; para nossa surpresa não nos aguardavam e desconheciam o recebimento da encomenda.

Dezenas de ligações depois, sem consenso onde entregar, decidi largar a obra por lá deixando a organização decidir seu destino. 
Afinal, eu fizera minha parte e cedera os direitos de propriedade ao Festival conforme o contrato.
O episódio fez-me reconsiderar a participação em eventos dessa natureza.

Decidi não atender a editais para ocupação de salas, tampouco convites para exposições individuais ou coletivas; montei meu próprio espaço expositivo onde penduro minhas criações. 
A única exceção é participar de alguns salões temáticos da organização local de artistas, da qual sou associada e pela qual tenho grande admiração por sua longeva resistência. 

Ou será resiliência?

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