Eu me olho no espelho e vejo a imagem de DONNA refletida; eu não gosto do que vejo.
Um retrato desagradável de uma
pessoa que sempre me pareceu ter duas faces.
Eu não me lembro DONNA sorrindo para mim; a cara sempre zangada, porém sempre sorrindo para outras
pessoas.
Não conversava, só dava broncas.
Quando se aborrecia, atribuía-me a
culpa muitas vezes.
Com a idade avançada, seus traços mais
desagradáveis de personalidade e caráter se acentuaram.
Ela passou a se trancar
em seu quarto lendo colunas sociais ou resolvendo palavras cruzadas.
É chato registrar esta constatação, todavia
parte do que fui/sou se deve a tal influência.
O assunto do espelho foi recorrente nas sessões
de análise: a dificuldade em me encarar.
Creio ter feito um bom polimento nas
arestas, mas não gosto de me ver no retrato de DONNA.
Penso que ela sempre
gostou de me ver em fotos coladas em seus álbuns mais do que me ver
pessoalmente.
A cultura não
pode exigir amor ...
Eu amava a minha avó...
Detesto as unhas pintadas de
vermelho de DONNA e seu perfume forte de ervas queimadas.
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