Conteúdos da Caixa

dezembro 15, 2019

DIA DOS MORTOS


Penso em minha Morte quase diariamente, analisando as melhore formas de morrer, não chegando ainda a qualquer conclusão.

(enquanto vou digitando escuto Beethoven – Silencio, pelo Youtube)

O depois da morte não me preocupa.

Gostaria de ser cremada e ter as cinzas pulverizadas no meu jardim, misturadas à água da chuva, adubando o terreno; minhas bactérias sacrificadas na combustão, minhas cinzas estéreis misturadas ao barro onde outras bactérias e microrganismos coexistem pacificamente.

Apenas silêncio. 
Sob a terra não há ruídos incômodos.


Penso nos indigentes que não ganham flores nem lápides.

Corpos não encontrados ou insepultos, cadáveres anônimos mergulhados em formol para estudos de anatomia.

Vem-me à lembrança a cerimônia indígena do Quarup ou a festa mexicana dos mortos.

Antigamente, no dia dos mortos, as rádios tocavam músicas eruditas, conheci composições de César Frank, de uma tristeza imensa, a Tocata e Fuga de Bach, a Lacrimosa de Bach.



Morte e vida, os dois contrários que muito me intrigam embora sejam fenômenos restritos aos seres vivos, animais ou vegetais.

Seres inanimados também desaparecem, lentamente, corroídos pelo vento ou pela água. Pedras viram pó e rios secam.

De onde vim e para onde vou? 
Passei a admitir a ideia de que voltarei à minha origem pré-natal. 
Ideia confortável, tranquilizadora. 

Assim seja, amém.

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